UM GAROTO

Você faz planos,
pensa como se reciclar,
no entanto é a mesmice costumeira da vida rotineira
...
que costuma levar.
Você faz panos e panos esperando o inverno chegar,
você se mantém intocado,
vai se guardando pra não sei quem que acredita que vai chegar.
É careta, zureta.
Cuidado! Não pise descalço. Mãe disse: não vá se resfriar,
mãe não pode se magoar ou então vai se zangar.
Cara de intelectual: fachada burra do tolo, do burro.
O murro
que leva uma vez por semana na saída da escola
de um valentão que é o tal,
se acha o tal,
ele é o tal da turminha da escola.
Faz verão em sua rua
e no país
e no seu quarto também é verão,
não liga o ventilador pra não apanhar um resfriado,
transpira gotas de água, mas dorme de cobertor
por temer assombração que o assole,
tem medo de escuro,
nunca viu assombração,
tem medo de tudo.
Seu medo de mulher o faz sentir-se sempre só,
não bebe gelado,
não fala palavrão,
(quase) não fala palavrão,
mas quando a verborragia vulgar irrompe, dá pano pra manga.
Não é bem vivo, é sempre lento, a vergonha dos pais.
Não é bem dotado.
É preguiçoso,
não quer saber de trabalho, não quer trabalho,
não quer ter trabalho,
não sabe até quando vai conseguir se segurar na pensão
que obrigado lhe paga seu pai.
Seu pai hoje impotente, alcoólatra, feio e veado.
 
Autor Convidado: José Geraldo Alves Cursino

Nenhum comentário: